terça-feira, 31 de agosto de 2010

PÃO ,ALFACE,TOMATE, CADEIRAS NA CALÇADA....


Há muito ,muito tempo atrás quando a tarde chegava devagarinho e já se escondia pelos cantos de penumbra da nossa sala,todos os vizinhos que ainda guardavam o dia no peso das horas passadas naqueles relógios de bolso,punham suas velhas cadeiras na calçada pra esperarem as nuvens vestirem aqueles casaquinhos de pele rosa- bebê para esperarem a noite....
Eu, e meus amigos fazíamos caracóis enorrrrrrmes e alugávamos as casas que contruíamos neles pra quem tivesse com  os pés cansados. A corda grande e velha, atravessava a rua de uma árvore a outra onde pulávamos um a um os nossos sonhos ,às vezes tropeçávamos ,mas sabíamos que fazia parte pra continuar...
Contávamos fusquinhas, apostávamos corrida com a lua que aparecia tímida ,inda dia olhando para um resto de sol pela fresta do tempo quente que nos deixava com mormaço de alegria, alegria por tao pouco; prosa de lobisomem ,mas não tínhamos medo ,porque as estorias eram contadas na voz dos velhos sábios, e ríamos demais pq sorrisos eram de sobra ,até quando morria alguém íamos numa turma comer bolo de fubá e café no velório !!Era bom demais enchíamos os bolsos de doces !!!! 
Ah!! e os nossos cachorros então!! eram fiéis , nos seguiam pra todos os lugares ,eles eram felizes ,andavam de cara levantada e rabo abanando ,nao como os de hoje ,tristes,sem ter o que comer a não ser a lembrança de algum cheiro de jantar que escapa pelas janelas das cozinhas ....
Quase nao se tinha televisores ,mesmo quando o homem desceu na LUA, a ALDA ,tinha a única tv da rua e juntou 29 crianças pra assistirem aquela epifania!!Cada um de nós virou astronauta no momento que o homem sentiu o chão ,aquele chão onde milhares de namorados gostariam de dar uma rosa pra sua amada e dizer tão carinhosamente:
Aqui estou, despido de 
qualquer testemunha,
com o coração suspenso,
na solidão desse tempo
que nao sei eu ,se é 
tarde ou noite dentro 
de mim ,vesti- me de amor 
só pra que tu pudesse 
despir a minha alma,
nesse instante 
mágico, moremos entao 
dentro dessa concha 
protegidos pra sempre 
das amarguras e dos 
desamores...
E  minutos depois que a lua ja era uma rua pra nós ,saí lá fora na minha calçada velha , de pedras faltando , e nao vi ninguém, meu cachorro era apenas lembrança, o portao arrastava o corpo pra se abrir ,cade meus amigos??cade as parreiras se ainda tenho o gosto das uvas manchando a alma?? cade eu??
ME perdi, enfiei- me no meu sanduíche , tingi- me de tomate ,pra me confundir com o crepúsculo que passava naquela hora tao única  aprendi a distribiur pão e teto , um tanto de amor desacreditado ,um pouco de cheiro de quintal ,uns bagaços de entardeceres ,foi tudo.
Fui indo nos meus passos secos de saudade ,levei minha cadeira presa a um grampo na memória, fiz um chapéu de alface, estourei com o meu guarda chuva uma bolha enorme e me fiz chuva pros dias áridos que eu sei; viriam...


KALÍOPPE