sábado, 4 de setembro de 2010

ALERTA PARA O MEU AMOR...

Ah, meu amor! na solidão do meu quarto é que em ti sacio a sede, tuas lembranças me arranham por inteiro, as estátuas me olham  como a dizer:
Há vida lá fora!
As pessoas meu amor ,nao tem mais rostos ,os olhares se apagaram , ouve alguma coisa que as desfiguraram, arrancaram o coração do peito cheio de desejos ,cheio de perdões e não o querem mais...
Passam por nós com monstros nos olhos ,desprezo nas mãos.
Ouve meu amor; ouve!! as lembranças que guardamos gritam atrás das portas, estouram nossos ouvidos, querem - nos outra vez!! Foge meu amor, foge!! sai pela porta dos fundos, pega um tanto de amor verdadeiro que juntei num canto e leva caso precisares.
Ah, como eu lembro bem os passos de dança que me ensinaste...Percebes a mão do ontem acariciando teus cabelos?? Então vem!! vem pelo chão bebado arrastando cadeiras, laça teus braços nos meus, eu garanto que o meu abraço será perfeito!!
Onde estamos afinal? já vi essa paisagem andando pelas noites que não nos tivemos...
Era escuro ,eu lembro, eu tinha o outono todo nas mãos e o infinito nos cabelos...
Ah meu amor, a vida nos chama, lá longe vem vindo a árvore que se perdeu e não viu a primavera, vem vindo a semente com o fruto no colo chorando o inverno, marchando pelos campos vem vindo o amor desfigurado e sedento! Ah meu amor, abre tua mão de trigo,e acaricia mulheres de ventres rasgados, homens sem crença, crianças sem alicerce de carnes...
Ah, te falarei mais uma vez no ouvido ,meu amor; corta as algemas com a força de uma pétala, é preciso que tenhas pressa pra salvar os sonhos despedaçados pelos caminhos, desviar o ódio com toda euforia vindo ,vindo...
Olha !! os pássaros nos espreitam nos alpendres, quietos, encolhidos. Não te dispas frente á janela, porque o tempo covardemente roubará tua juventude e se te ver assim tao lindo, tao cheio de brilho nos olhos...
Ah meu amor ,vai embora antes que seja tarde, e pega- me quando passares pela caverna da solidão, eu lá estarei dificilmente, mas estarei; antes que meu olhar se apague e a dor faminta devore a minha alma, antes que eu me busque ainda criança e esqueça dos monges pulando os muros.
 Antes que eu não mais me lembre do primeiro voo de um pássaro.
Vem logo , vem! pra que eu te alcance no silêncio dessa hora e então nos esconderemos por dentro dos cabelos, no peito do sol, no porão da terra e seremos um só gerando no ventre a concepção de uma rosa tingida de amanhecer.

KALÍOPPE

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

MUITO ALÉM DA MINHA TRISTEZA...

 
 Sabe aqueles dias que nos sao indiferentes e a sombra da tarde deita ao lado da gente e não quer mais sair? sabe também quando o destino das coisas caem em nossas mãos como pedras q sabemos serem preciosas mesmo sem precisar lapidar?
Então, numa tarde assim que tudo aconteceu. Sentia- me triste, fechada no fundo da minha gaveta mais desarrumada de poemas inconclusos implorando por mais alguma palavra,nem que fosse por uma lua só pela metade dando a impressão de continuidade....
Fui indo e me veio a imagem da criança que eu havia sido, quando tentava fugir de casa levando só uma boneca vestida de homem( pq eu achava que mulheres poderiam ser violentadas...),e era frágil a minha boneca; levava também um ou dois anéizinhos de plástico, que vinham naquelas caixinhas surpresa; mais um tico de amores fechado em mim mesma e os sonhos sendo construídos não sabia bem onde.
Sentei- me no banco do parque  naquela hora tênue onde um fiapo de teia divide o dia da noite. A hora que pessoas se recolhem em seus quartos desarrumados e no menstruar desatado e avermelhado do crepúsculo, se deitam uns por cima dos outros como se fossem um só corpo a fabricarem frenéticamente mais pessoas num ritmo acelerado de sentimentos impuros,.e depois se separam abominávelmente como se um já não fosse o outro depois do que chamaram de amor ?(eka!!)
Num de repente, ele me chegou assim como chegam anjos pendurados em ave-marias às seis e pouco...
Magro!! tinha o corpo fundo e os olhos gastos, perguntou se eu queria engraxar os sapatos,e eu lhe disse: são de plástico!! posso lavá- los respondeu- me . deixei que os lavasse na torneira pública  do parque(pra mim era pública; pra ele tão de casa...)
Não lhe dei o sificiente para que completasse de vida o estômago de ruas apagadas. Conversamos não sei o quanto só sei que foi muito, muito; até prendi os dedos do tempo nas horas pesadas da vidraça para que tudo permanecesse no agora daquele momento. Mostrou- me os braços marcados; brincadeira de cigarro! cada vez que volto pra casa, ganho uma de meu pai, já nem dói mais!!Pareciam estrelas mortas tatuadas num céu que não teria mais azul... Tinha 13, faria dali dois dias. perguntei- lhe o que gostaria de ganhar ele disse: Ah, se eu pudesse moço, mas é tão difícil! E eu; diga aí vai, quem sabe eu possa...,Ele olhou- me com aquele jeito de moleque que só os anjos têm e a escuridão que eram suas mãos pela graxa que engrenava seus dias e disse:
Queria um kit de pasta de dente!! E eu; é?
É, então ,um daqueles que vêm aquele rolinho branco pra faxinar a boca, uma escova "possante" (encheu os olhos de esperança ao falar isso) aquela que tem vassoura para a lingua sabe? (sorri, e fui quase me morrendo por dentro...) e uma pasta grandona de dente daquela que chama sorriso, sabe? naquele instante abandonei- me pra sempre dentro de mim. Eu que estava lá, reclamando dos meus dias, com uma blusa de lã importada e uma boina de marca exclusiva  e ele só de pele  envelhecida vestido...
Sentia- me um monte de merda arrotando ainda o filé de salmão com purê de hipocrisia que tinha comido no almoço.
Atravessamos a avenida naquela hora em que o peito dele acelerava e  tão fraca me senti naquele instante. Ele leu a marca: SORRISO, mas não conseguiu desenhar nos lábios tão difícil contorno que não aprendera. Já era tarde, do alto da minha janela  um pássaro arriscava romper a fronteira de um fio para o outro.. Olhei para o parque, com o vento forte, duas árvores difrentes se abraçavam....

KALÍOPPE


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

ESPERANDO O HOMEM IDEAL ....

Tá bom,Tá bom ,voce acredita mesmo? entao ,até quando eu leio algum autor ,penso bem se queria conhece- lo mesmo e ainda continuaria a admirá- lo.
Amo muitos deles mas bem longe de mim, guardados nos livros empoeirados da minha estante pra nao acordá-los, psiu..psiu....
Porque sao como os homens que vivem, viveram ou viverao com a gente ,se eles acordam fora de hora ,começam a pigarrear ,pedir um leite quentinho, e ainda te abraçam ,voce morrendo de sono e falam:
 cumé hoje tem??
 tem o que ZÉ MANÉ!! eu nao sou comida nao!!dorme e nao enche o saco! ou entao ele fala:
to indo ,to indo !! e vc diz;
pra onde?/
 rsrsrsrsrsrrsrsrsr
Voce demora horas pra se esquentar e eles vem chegando e encostando aquele pé gelado em voce parece que morreram ontem ,ai,ai,ai!Daí voce resolve mudar a mesmice do dia a dia ,vai cortar o cabelo ,se arruma ,compra um vestido de verao no inverno ,pra economizar a grana ,e espera por chegar a tarde e sonha com uma noitada maravilhosa!!Aí ele entra ,nem percebe que voce cortou o cabelo, vai no fogao e já perguta o que tem pra comer ,voce diz;
pensei em jantarmos fora!!
Pra que!! ele diz que nao ,que vai por pijama e ficar vendo tv, porque o frio pegou feio , voce percebe que ele ja tá começando com um reumatismo ,fazer o que??
 voce se destroca ,come ovo mexido na panela , e quando volta na sala ,voce ve o seu marido com uma cueca samba- canção horrível, matando mosca com aquela varinha nojenta pela sala !!
Me diz ,sentir tesão por aquilo?
 Mas o negócio piora quando voce também aprende a se vingar!! ah ah!!poe o seu traje e o espera pra dormir toda sensual ( é o que ele pensa!!)
Ele chega de mansinho ,acende uma luz nao tao fraca do abajur e te descobre, PRA QUE!! lá tá voce com seu pijama xadrez de cor de abóbora, com o desenho do Mickey na frente ,ele brocha!!! e voce  também se dana ,mas vale a cara dele de sobra de churrasco de domingo!!Mas como a vida vai indo escorregando no tobogã do tempo, voce acostuma e vai assistindo os filmes e se imagina neles ...
 merda , pra que só se imaginar??
 porque nunca podemos nos sentir a mocinha??onde o cara chega e pega do bolso um anel maravilhoso e nos poe no dedo ??NAO!!ele sai com voce e quase nao deixa que escolha uma biju do camelô!! Aí quando avisa que tem uma festa da empresa ,voces vão e nao dá nem pra reconhece- lo, ele põe aquele terno que nunca mais pois pra sair com você e tudo!!HUMM!! que homão é aquele lá?? entao voce relembra quando se conheceram ,tinha aquele jogo da conquista ,aquele encantamento ,aquele ,ai!! ai!! aquele tudo ,sabe?chegando na festa ,ele é gentil com as mulheres parece ter toda a paciencia do mundo e voce sente vontade de faze- lo engolir todas as cebolas que ele  fez vc comprar estragadas por pressa!!Voltam pra casa e voce tem insonia ,fica pensando do tempo que ele adoraria ter filhos e quando vcs já tinham 5 , voce ve nele aquele olhar de uma outra modalidade dec esporte que ele inventou:
"ARREMESSO DE CRIANÇA AO LONGE""!! é, vc ta rindo??
 é sério!! Mas o pior de tudo é quando voces voltam da tal festa e ele ,que quando solteiro nunca soltava nem um pum perto de vc ,agora sai peidando pela casa ,na sua cara ,e descarrega tudo com a porta do banheiro aberta ,cade aquele homem quase perfeito?? e cadê aquela mulher que era voce??
ou começa a relaxar também ou pra se salvar ,sonha com uns galãs da novela das oito, ou chora no ombro da vizinha que pode ser a amante do seu marido ou.....
quer saber de uma coisa?? toma VERGONHA NESSA CARA  MULÉ!!!Voce inda é bonita!! e vizinho por vizinho tem muito bao por aí!!!

KALÍOPPE

O BÊBADO E O RAMALHETE

Era um dia igual a outro qualquer. Ele acordou; porta fechada e uma bailarina de pluma dançava com o vento pendurada na chave. Foi até a janela, sepultou o olhar por um instante na tarde que morria...Pensou no filho que não tinha, talvez se tivesse amado se equilibraria na igualdade do amor verdadeiro Ter um filho com toda a bagagem do agora? Uma garrafa, um copo e uma noite sombria pra ser absorvida em longos goles... Fechou os olhos foi até a infância, único exílio onde gostava de voltar sempre. Lembrou da algazarra dos meninos, a briga pelo resto de doce no tacho, o barco que entrava água,o pêssego verde com sal devorado no beiral do telhado. Tinha coisas boas dentro dele, ninguém sabia... Um resto de juventude nessa hora desenhava seu rosto. Tirou debaixo do travesseiro o adeus do último amigo. Mexeu no meio da livralhada, soletrou um verso que falava de um fazer de conta danado que vivia, acreditava talvez... Recordava uma música de piano que vinha não sei de onde misturada ao cheiro de vários jantares por onde passava quando voltava da escola. Por um instante conferiu o desenho das mãos, nenhum caminho... um barco de papel desancorando pro nada. Quem entenderia sua náusea pela vida? Aquele engasgar de palavras doces que sabia dizer e nunca pôde presas açucarando na garganta? Sorriu. O vôo de um pombo agora pousava na sua memória. Ah! Seu cão cor de terra que nunca o abandonara e abria-lhe o portão só de olhar. A ave- Maria das 6 em ponto, o sino da igreja que mais parecia um túnel onde se perdiam pessoas; de um Deus bêbado de vinho e desleixado assim feito ele. Mais um copo, um copo mágico que tinha o poder de leva-lo para um longe. Era bonito, sofrido. Um dia numa festa um menino o tirou pra dançar; girou tanto e tanto sem perceber que aquele menino era ele mesmo sem nunca ter crescido. Na cadeira rasgada e cheirando a fumo, sentou-se. Tudo rodava, então veio a solidão dos albergues, a comida azeda esquecida na mesa, a insônia dos embriagados; e num gesto, escancarou os braços acolhendo todos que se perderam como ele. Já era muito noite. Saiu lá fora, dançou a valsa de Amelie Poulain, tirou do bolso a algazarra dos meninos, o doce do tacho, o vôo do pombo, o pão que ainda não havia amanhecido e o olhar precipício do seu cão onde se arremessava sem medo algum se escondendo do mundo. Juntou tudo, fez um amarrilho com os dedos e espalhou na escuridão daquela hora. Olhou a porta, estava aberta. A bailarina ainda dançava na chave. Ir? Pra quem? Num ímpeto, deteu o vôo do cão, calou o latido do pombo, encostou as luzes, apagou a porta.Tinha virado uma estrela; torta.

KALÍOPPE


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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

DEITADO ETERNAMENTE EM BERÇO ESPLÊNDIDO......

VOU DIZER- TE MEU AMIGO, O BRASIL FOI LUSITANO, FOI FRANCES E AGORA EU DIGO QUE SERÁ AMERICANO ,NÓS TEMOS MUITAS SELVAS E RIQUEZAS POR AÍ ,TB TEMOS NOSSOS ÍNDIOS QUE SÓ USAM CALÇA LEE...
LÉ COM LÉ ,PÉ COM PÉ ,UM SAPATO EM CADA PÉ.....( JUCA CHAVES).

A nossa história ,quem me dera saber contá-la e poder passar em frente como foram devidamente os fatos.Em 1900 éramos 17 milhoes e pouco de brasileiros ,aquele tempo parecia que se tinham mais coisas ,não existiam grandes hipermercados ,mas os alimentos tinham mais cara de roça, de arrancados na hora ,o gado só comia capim ,bem verde e água fresca como deveria ser até hoje.
As compras vinham do armazém em caixas de madeira que eram devolvidas e reaproveitadas .Era fácil resolver a janta ,íamos no quintal e escolhíamos uma galinha ,a que menos tínhamos estima e PLOC!! já ia pra panela ,onde todos se sentavam calmamente pra almoçar ou jantar ,e era tão sagrado esse ritual de se alimentar que parecia mágica !!parecia um carnaval essas reuniões , conversavam tudo ,mastigavam a vida ,os dias, pra que tudo digerisse sem a pressa das horas.Não se podia ir ao cinema com o uniforme da escola e quando hasteavam a bandeira ,a gente punha a mao no peito e uma lágrima verde e amarela brincava de escorregar na face...Aí inventaram tanta coisa!! o homem foi ficando um genio e um merda em lidar com seres iguaizinhos a ele.Depois vem Santos Dumont com seu balao mágico ,enfeitando o mundo e descobrindo onde é que o infinito se escondia com seus sonhos de pássaro solitário..
vieram entao os carnavais::
Ó abre alas
que eu quero passar...
veio o Biotõnico Fontoura, o bonde elétrico ,a primeira corrida de automóveis ,as "baratinhas "", como diziam  a plantação de café se expande por terras e terras , e seu aroma filtrava as madrugadas frias do país inteiro ,a rua do Ouvidor se agita em conversas insones pelas noites longas que existiam onde poetas morriam ainda de amor ,olha só, morriam de amor!!! pode??
 hoje matam e dizem que foi por amor...depois o país se enfeitou de poemas ,as calçadas tinham o desenho de digitais imortais ,que nunca ,nunca irao se apagar ,de boemios que ajudaram escrever os fatos em guardanapinhos de papel ,em papéis pardo onde se embrulhava o pao .Os operários do Brasil comemoravam pela primeira vez o 1º de maio, isso em 1904, embrulhados na bandeira ,grande manto que sempre nos abrigará ,eu espero. Daí ,pra que esse texto nao fique tao grande ,veio o primeiro bi motor ;14-BIS, e depois o primeiro campeonato de futebol entre paulistas e tb inaugura- se um conservatório musical. Daí pensa bem , o BRASIL nao precisava de mais nada ,futebol ,música e um pássaro de aço onde podiam acordar em praias exóticas ,sentir- se Cabral!!O óscio virou profissão obrigatória ,( foi aí que registraram o "jeitinho brasileiro") o papa nao tem mais cara de bonzinho, numa missa em Manaus ,se le os nomes de cinco índios assassinados, a legislaçao brasileira se intoxica com leis que sao vestidas e tiradas o tempo todo . O poder vai se tornando cada vez mais insuportável , nao falo do poder pelo poder nao!! falo do poder na rua , na esquina mesmo.De pequenos atos assassinos,que nascem de um gesto e se morre em silencio ,tantos e tantos que nao chegarão hoje pra jantar em casa ...
PÕRRA MEU!!dá pra esperar que o fusquinha nao anda???