quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Duas de mim

Em mil faces e mil ouvidos me divido, nessa vida que me atira longe,tenho ouvido no lugar dos olhos ,tenho dentes no pescoço.
Sou o louco que prendeu o vento na camisa de força temporal. Sou o lúcido menino perdido na infancia de outro alguém.Sofro com a descontinuidade do meu corpo, como pedaços de espelho
com bifes de cérebro no almoço.
Enxergo o mundo de um jeito ou de outro, vejo lustre de gravata ,primavera brotando no teto,corpo faltando alma, alma faltando gesto ,gesto faltando abraço,abraço faltando perto...
Carrego o Brasil num brinquinho ,mas os estados sofridos pesam!!
Faço caretas enormes e assusto as criancinhas nas portas das escolas primárias.
Vem um menino me dando uma espiga e eu a come- la com o ouvido.
Nada visto ,perdi meu corpo numa torre giratória, meu coração , num moinho de vento ,meus pés na amnésia do tempo.
Escancaro a boca no silencio ou num bocejo de sono, mas as vezes tenho os olhos chuvosos e ninguém percebe isso...
Mas o que eu gosto mesmo é quando já se faz escuridão lá fora e sem que ninguém me veja ,transbordo- me por todas as bocas e por todos os olhos até embriagar- me com o excesso de mim por completo, só pra ver a lua triste como eu, cambaleando e vomitando estrelas atrás de mim.

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